quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Herbie Hancock - Sunlight - 1977



Herbie Hancock é um retardado, um tarado musical. Começou no jazz mais tradicional, tocou na melhor formação de Miles Davis, se adapatou ao funk nos anos 70, foi pro eletrônico nos 80 e gravou mais de 60 discos. Fez tudo que é merda que se pode imaginar, e ainda está fazendo.

Por isso seria muito difícil escolher um disco só para postar. Espero, inclusive, que os outros equinos ajudem com outras bolachas virtuais.

Mas escolhi esse, que talvez para os amantes convictos do jazz seja o mais bagaceiro de sua carreira (não, o "Feets, Don´t Fail Me Now" é mais...).

Herbie Hancock - Sunlight - 1977


No final dos anos 70 Herbie claramente tentou se aproximar do que a juventude negra americana estava ouvindo. A maioria do disco é de composições de muita elegância, meio disco/pop, aquele clima Nova Iorque final dos anos 70 quando ainda achavam ingenuamente que o pó tinha chegado pra levantar o astral do pessoal. Só a última música é que um jazz doidera, inclusive com Tony Willians na bateria e Jaco Pastorius no baixo.
E além disso, parece que o Herbie resolveu virar canário.
Pra isso ele usou no disco todo um vocoder Senheiser VSM 201, equipamento raríssimo hoje em dia. Ligado principalmente junto com um Minimoog, como na foto, mas em várias músicas acredito que ele tenha usado outros synths polifônicos. O Vocoder (voice + encoder) é um aparelho usado desde os anos 30, primeiramente para segurança em comunicações. Como a maioria da tecnologia que usufruímos hoje em dia, de audio ou não, foi um produto das necessidades logísticas da guerra. Era usado para codificar mensagens.

A voz humana é produzida a partir de dois fatores: a vibração das cordas vocais, e a forma que a boca dá a esses sons (basicament). O que o vocoder faz é usar o que falamos ou cantamos para dar forma à uma fonte externa de som. Por exemplo, um teclado. Ou seja, é um bagulho muito louco.
Pois Herbie fez isso com maestria nesse disco. Tem umas banda usando uns vocoder digital palha atualmente em Porto Alegre, mas é brabo, tchh.
Aqui a lista de teclados usado nesse disco:
Synths:
Oberheim Polyphonic, Oberheim OB-I, ARP 2600, Mini-Moog, ARP String Ensemble, Yamaha Polyphonic Synthesizer, Sequential Circuits Prophet , ARP Odyssey, Poly-Moog, Micro-Moog, E-Mu Polyphonic Synthesizer.

Eletro-mecânicos:
Yamaha CP-30, Hohner D6 Clavinet, Rhodes Electric Piano e piano acústico.
Existe um vídeoclip da música "I Thought It Was You", playback e radio edit, mas mesmo assim excelente. Eu tinha mas perdi num backup mal feito. Peço ao Chicavalo74 que poste aqui, ou no You Tube.

Vale lembrar que dois anos depois Herbie Hancock lançou o disco Direct Step, gravado ao vivo em estúdio no Japão, onde ele toca uma longa versão de "I Thought It Was You", com dois vocoders. Vale a pena conferir. Um dia eu posto.


quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

DORIVAL CAYMMI - "EU VOU PRA MARACANGALHA" 1957


Esta BOSTAGEM, tem como objetivo reverenciar Dorival Caymmi (Salvador, 30 de abril de 1914) cantor, compositor e pintor brasileiro. Casado com Adelaide Tostes, a cantora Stella Maris, desde 1940, teve três filhos: Dori, Danilo e Nana. Todos músicos também.


Este soteropolitano (do latim soter, salvador, e do grego polis, cidade) acreditem, salvou a capital baiana da mediocridade cultural e como poucos, no mundo dos arianos Coronéis nordestinos, soube extrair a alma de seu povo e dela fazer sua arte.
Muito se tem a falar de Caymmi ( "cabelinho branco", citado na bostagem de chicavalo74 - Poeta e o Violão - Vininha e Toco - com DORA "rainha do frevo e do maracatu") e sua influência na vida popular brasileira.

A escolha desta obra, MARACANGALHA, se deu pela importância na vida deste mestre.

Estamos em 1938, quando, após passar pela cidade do Recife ( evidente em sua poesia), Dorival resolve rumar ao Rio de janeiro para realizar o curso preparatório de Direito, demovido por amigos, resolve apresentar seu talento.

Primeiro, por obra do acaso, tem sua música "O Que É Que a Baiana Tem" incluída no filme "Banana da Terra", estrelado por Carmen Miranda.

O sucesso do filme aproximou Caymmi de Carmen Miranda e no ano seguinte, a convite do compositor Newton Teixeira, grava pelo selo Odeon, em dueto com a estrela, exatamente o samba "O Que É Que a Baiana Tem?"

Em 1940, com Bando da Lua (que estava no Brasil após dois anos nos Estados Unidos acompanhando Carmen Miranda) gravou, com enorme sucesso, "O Samba da Minha Terra", ("Quem não gosta de Samba/Bom sujeito não é/É ruim da cabeça/Ou doente dos pés"), último fonograma do grupo realizado no Brasil.

Apartir daí, o sucesso nacional foi inevitável.

MARACANGALHA, foi um enorme êxito popular de 1956, desbancando: Conceição (Cauby Peixoto), A Voz do Morro (Jorge Goulart), Iracema (Demônios da Garoa), Rock Around de Clock (Bill Halley), Obsessão (Carmen Costa), Meu Vício é Você (Nelson Gonçalves), Turma do Funil (Vocalistas Tropicais) e Sixteen Tons (Tennessee Ernie Ford) e, claro, nas festas de MÔMO, a mais executada.
Em 1957, DORIVAL CAYMMI, lança, então, o seu LP com o nome da faixa sucesso no carnaval do ano anterior. Um coice, meus equinos dilétos:

Maracagalha ( o sucesso), Samba da minha terra ( já consagrada), Saudade da bahia ( nostalgia de sua terra natal), Acontece que eu sou baiano ( tu és? eu não, então...), Fiz uma viagem ( retrata a falta de sorte dos nordestinos), Vatapá ( literalmente a receita deste quitute), Roda Pião ( as rodas da vida) e 365 igrejas ( sua forte relação com a religiosidade e os bacuris).



É vital ressaltar a relação com a família JOBIM, grandes amigos e parceiros musicais.










Esta é uma pequena amostra do que a Bahia de Caymmi teve!!!
IRRURRURRURRURRURRURRUIIIIIIIIIIIIIIIII
XUCRO.


DORIVAL CAYMMI - EU VOU PRA MARACANGALHA - 1957


quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Nilze Carvalho - Choro de Menina vol.1 (1981)






Estava faltando uma alma feminina neste potreiro; algum disco de alguma baita profissional que pudesse chegar bem firme e com as quatro patas dizer a que veio. Tivemos uma pastagem da trilha de Laranja Mecânica com Walter/Wendy Carlos, mas agora com o "Choro de Menina vol.1", da Nilze Carvalho, temos um disco definidamente feminino.
Até porque aquela outra égua tem tromba né ô tchê.

NILZE CARVALHO é carioca oriunda de Nova Iguaçu. Foi um daqueles fenômenos que de vez em quando aparecem no mundo da música e do esporte: uma guria que com cinco anos começou a tocar cavaquinho com uma habilidade impressionante. Vinda de família de músicos, despertou atenção de muita gente (imprensa, gravadoras, empresários) desde cedo. A habilidade demonstrada no cavaco e no bandolim fez com que Nilze começasse a frequentar e tocar nas rodas de samba da Portela e em festivais de Choro.

Em 1981, Nilze grava seu disco de estréia, "Choro de Menina vol. 1". Destaque para a excelente interpretação da canção "Apêlo", de Baden e Vinícius, presente no disco "O Poeta e o Violão", também pastado neste blog.


Depois, ela ainda lança mais três volumes do álbum Choro de Menina e então roda o mundo fazendo música. De 1992 a 1999 vai morar no Japão, ganhando seu fixo tocando em uma churrascaria, e excursionando quando possível.


Em 1999 volta ao Rio de Janeiro, onde vive até hoje. Divide-se entre sua carreira solo e sua participação no grupo Sururu na Roda.


Abaixo, duas fotos da Nilze Carvalho hoje em dia: em carreira solo e com o Sururu na Roda.


Boa audição a todos os eqüinos e eqüinas.







domingo, 6 de janeiro de 2008

Towering Toccata - 1977




Lalo Schifrin é um compositor, arranjador e regente argentino. Nascido em Buenos Aires em 21/06/1932, começa a estudar piano com 6 anos de idade. Anos mais tarde, aos 16, apresenta seu interesse pelo Jazz. Ao longo de sua carreira, Schifrin compõe inúmeras trilhas para filmes e televisão. Com a troca de gravadora em 1976, passando para a CTI (que na época era uma das mais populares), Lalo grava discos que saem um pouco da escola Jazz e exploram também outros ritmos e estilos como o disco e o funk, que nessa época cresciam bastante.
O disco que estou postando é o “Towering Toccata”, gravado entre outubro e dezembro de 1976 e lançado em 1977. Lalo aproveitou o embalo do disco anterior, o “Black Widow” de 76, e usou a mesma fórmula reunindo alguns dos mesmos músicos, tais como os sopristas Urbie Green, Joe Farrell e Jeremy Steig, além do guitarrista Eric Gale e o baixista Anthony
Jackson. Outros músicos que participaram deste disco foram: o baterista
Steve Gadd, o tecladista Clark Spangler e o guitarrista John Tropea.

Lalo Schifrin sempre foi conhecido por assinar muitas trilhas para filmes, posso citar como exemplo temas como: The Rise and Fall of the Third Reich, Mannix, The Fox, Cool Hand Luke, Bullitt, Enter the Dragon, THX 1138, The Four Musketeers, Dirty Harry, The Big Brawl, The Cincinnati Kid, Mission Impossible, Rollercoaster e The Amityville Horror.
É impressionante como alguns compositores conseguem criar tantas coisas boas em tão pouco tempo; “Black Widow”, “Towering Toccata” e ainda o “Free Ride” de 1977 (em parceria com o trompetista americano Dizzy Gillespie) foram gravados e lançados em menos de 2 anos.

Neste disco, dou destaque para a faixa número 3 “Macumba”, um tema muito agradável com excelentes melodias de flauta executadas por Jeremy Steig, seguidas por um categórico solo de guitarra de Eric Gale, além do piano Rhodes sempre em evidência e a percussão bastante presente. Vale lembrar que 4 temas deste disco são trilhas de filmes, apesar de não ser um disco destinado a um filme específico.

É isso seus quadrúpedes !!!

Lalo Schifrin - Towering Toccata - 1977


Bem, os argentinos talvez possam ter algum motivo de orgulho; a música,
por que se dependesse do futebol estariam perdidos, as duas copas que ganharam foram burladas; uma comprada e a outra com gol de mão!